Buda e Mahavira

Nesta reflexão quero prestar uma homenagem, externando minha admiração a estas duas pessoas extraordinárias, dentre os maiores mestres espirituais, não só da Índia, mas de toda a humanidade: Buda e Mahavira.
   Tendo vivido na mesma época e na mesma região da Índia; são muitas as semelhanças tanto na vida, quanto no pensamento de ambos.
   As narrativas sobre o nascimento e sobre os primeiros anos da vida são recheadas de fatos extraordinários, o que torna difícil distinguir entre o histórico e o mitológico.
   Sidharta Gautama, o Buda, nasceu em torno de 556 a.C em Kapilavastu, no atual Nepal. Filho do rei Suddhodana e da rainha Maya. Após 29 anos de vida no meio do fausto e do luxo decide tudo abandonar para tornar-se renunciante e experimentar o gosto amargo  do sofrimento e da indigência pensando assim encontrar o sentido para a vida, não o encontrando abandona também esta vida de total renúncia até alcançar a iluminação, após o que passa a viver uma vida itinerante e percorre toda a Índia ensinando o caminho da libertação e reunindo ao seu redor inúmeros discípulos.
    Vardhamana, mais conhecido como Mahavira (o grande herói), segundo a tradição teria nascido, provavelmente, em 540 a. C. e falecido em 470 a. C. em Pavapuri, um ano antes de Sidharta Gautama, o Buda. Mahavira foi filho de Sidharta e de Devananda e como Buda teria vivido num ambiente de luxo que abandonou tornando-se renunciante para perseguir a libertação dos sofrimentos e da lei do Karma e quando atingiu ainda em vida a Mosksa (iluminação)  
dedicou a ensinar sua doutrina à outras pessoas. 
    Apesar de viverem na mesma época e na mesma região não há registro algum de que tenham se encontrado, nem que sofreram influências mútuas entre si. Mas, em muitos pontos os pensamentos de ambos coincidiram, como por exemplo: não aceitaram a autoridade dos Vedas; combateram o sistema de castas, combateram o sacrifício dos animais, incentivaram a vida consagrada, considerando-a mais perfeita que a vida laical, etc.
     Segundo Buda o grande mal é o sofrimento que é causado pelo desejo, mesmo que o que se deseje seja algo bom. Para vencer o sofrimento e alcançar o nirvana é necessário através de meditação, oração, sacrifício e outros meios fazer cessar totalmente o desejo alcançando um estado de absoluta indiferença, semelhante a apatia dos estoicos.
    Para Mahavira, somente se consegue a Mosksa libertação da lei do Karma através de uma vida de ascetismo extremo. Recomendou a seus adeptos a prática de cinco votos: Não violência (Ahimsa); não mentir; não se apropriar do que não lhe foi dado; não faltar a castidade e não se apegar as posses materiais.
     Após a entrada de Buda no Nirvana, o Budismo se expandiu e se dividiu. Hoje encontramos templos budistas em todas as partes do mundo, todos são seguidores de Buda, mas as escolas e as tradições são diferentes; cada uma coloca ênfase num diferente aspecto do ensinamento do mestre. Basicamente o budismo se dividiu em três linhagens: O budismo Theravada ou pequeno veículo que se estabeleceu principalmente no sudeste asiático; o budismo tibetano, da linhagem Vajrayana, que como seu nome indica predomina no Tibet; e o budismo  Mahayana, com predominância na China e no Japão.
     O budismo Mahayana deu origem há muitas escolas, dentre as quais o zen budismo que ensina encontrarmos Buda no cotidiano e em nós mesmos. A meditação yoga pode ajudar, mas, é num momento repentino que experimentamos a iluminação (o satori). Todos podem e devem encontrar e realizar o Buda dentro de si próprio, não é reverenciando ou imitando o Buda histórico que iremos alcançar o nirvana.
    Do mesmo modo como no budismo, o jainismo após a morte de Mahavira, também dividiu- se. São dois os principais grupos: os Svetambara (vestidos de branco) e os Digambara (vestidos de espaço). Ambos os grupos seguem os ensinamentos de Mahavira, sendo que os Digambara são mais rigorosos em seu seguimento.
    Marca distintiva do jainismo é a prática da “ahinsa”, não violência que é levada ao extremo pelos jainas que são vegetarianos para não cometer violência contra os animais e chegam mesmo a usarem uma espécie de redinha que colocam sobre a boca ao falar para não engolirem inadvertidamente algum inseto. Outra marca dos monges jainistas é a prática da pobreza extrema; os Digambaras não possuem nem mesmo vasilhas para recolher o alimento que lhe é dado, devem usar as próprias mãos e, além disso, os homens não usam qualquer vestimenta.
    Encerrando esta reflexão quero assinalar e homenagear este santo jainista (creio que Svetambara) que foi Mahatma Gandhi que com a prática do ahinsa conseguiu a libertação da Índia
     Quando penso em Gandhi não posso deixar de compará-lo com o pobrezinho de Assis.


                        Para mim Gandi é o Francisco de Assis hindu.