A milenar civilização chinesa nos apresenta um rico e diversificado
conjunto de escolas de pensamento. Entre as quais três se destacam o
confucionismo, o taoísmo e o budismo; para não falarmos do maoísmo, que na
contra mão da cultura chinesa tentou destruí-la através de perseguições,
principalmente na chamada “Revolução Cultural”, mas com a morte de Mao e a
abertura do comunismo chinês ao mundo capitalista, a cultura chinesa
tradicional parece estar renascendo.
O confucionismo é um sistema filosófico chinês criado por Kung-Fu-Tzu
(Confúcio). A moral, a política, a
pedagogia e a religião são as preocupações fundamentais do confucionismo. Sua
doutrina pregava a criação de uma
sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem estar comum.
Confúcio pregava a prática dos seguintes princípios: Ren, humanidade ou altruísmo; Li,
cortesia ritual, Zhi, conhecimento ou sabedoria moral; Xin, integridade; Zhing,
fidelidade e, Yi justiça, retidão ou honradez.
A influência de Confúcio atravessou séculos
e mesmo milênios, teve inúmeros discípulos e seguidores, entre os quais se
destacaram Mêncio, que acreditava na bondade da natureza humana que teria sido
depravada em função dos conflitos e das necessidades impostas pela vida; e, Xun
Zi que acreditava numa natureza perversa do homem, ambos, porém acreditavam no
poder da educação para corrigir os defeitos e afastar os males que maculam a
natureza humana.
O
taoísmo, cujos maiores representantes são Lao-Tse e Chuang-tse.
Tradicionalmente, a origem do taoísmo é atribuído a três fontes principais: o
mítico Imperador Amarelo; o livro de aforismos místicos Dao De Jing (Tão Te
Ching); e, os trabalhos do filósofo Zhuang Zi (Chuang Tse).
O taoísmo enfatiza a espontaneidade ou liberdade da manipulação
sócio-cultural pelas instituições, linguagem e práticas culturais; o taoísmo
representa a antítese do conceito confucionista referente a deveres morais,
coesão social e deveres governamentais.
Muito
da essência do taoísmo está na arte do Wu Wei (agir pelo não agir). Você pode
influenciar o mundo de modo mais fácil usando a sutileza em vez da força.
Outro sistema filosófico que marcou uma presença importante no conjunto
do pensamento chinês foi o budismo, mas ao contrario do taoísmo e do
confucionismo não é originário da própria China, mas oriundo da Índia, trazido
por missionários e viajantes hindus e tibetanos e encontrou guarida na nação
chinesa.
Na China o budismo foi pródigo propiciou o aparecimento de inúmeras
escolas, entre as quais o budismo chan que no Japão deu origem ao zen budismo.
Nas diversas escolas budistas floresceram inúmeros pensadores que tiveram
participação importante tanto na vida cultural como na política da China. O budismo
influenciou e foi influenciado pelos demais sistemas de pensamento,
principalmente pelo taoísmo.
Mas, se estas foram as principais tendências do pensamento chinês, não
foram as únicas. Existiram: a escola mohista, a fatalista, a legalista, e a do
Yin-yang.
Focalizaremos nossa atenção sobre a escola mohista. Esta escola
baseia-se nos ensinamentos de Mozi “Mestre Mo”, o primeiro sábio a se opor a
Confúcio. Seu ensinamento pode ser resumido em dez teses centrais, sendo que
dentre elas destaca-se a que concerne a promover o bem estar do povo num
espírito de imparcialidade que não faz distinção entre si e outro, associados e
estrangeiros, uma doutrina muitas vezes denominada simplisticamente como “amor
universal”.
Muitos estudiosos supõem que tanto Mozi como seus seguidores foram
oriundos de classes populares, o que explicaria tanto o estilo simples como o
anti-aristocratismo das doutrinas mohista.
Entre os ensinamentos mohistas encontramos os seguintes, que ainda hoje
podem ser aplicados como se fossem atuais:
1. – Promover a postos
mais elevados apenas por capacidade, independente de sua origem. Apontar para
cargos importantes favoritos ou protegidos, sem levar em consideração suas
habilidades deve ser condenado.
2. – As pessoas devem
agir para o bem dos outros sem fazer distinção entre aliados e estrangeiros.
3. – Condena a agressão
militar, tanto porque não é proveitosa, como porque é imoral.
4. – a economia e a
frugalidade são recomendadas quer na feitura de artefatos, quer nos funerais, quer
nas execuções musicais.
5. – Os céus (Tian) age
como um agente providencial que
recompensa os bons e pune os maus; neste ponto os mohistas divergem dos
confucionistas, pois estes afirmam que os Céus não intervém diretamente nos
negócios humanos.
6. – A descrença nos
espíritos e no seu poder provoca imoralidade e caos social e político.
7. – A doutrina do
fatalismo é perniciosa e perigosa, pois provoca indolência e caos.
Penso que o exposto aqui é suficiente para assinalar a importância de
Mozi e do Mohismo na história do pensamento. Enquanto Confúcio pensou nos
imperadores e nos aristocratas, Mozi (o mestre Mo) lembrou-se do povo, talvez
um dos primeiros pensadores a se preocupar com os esquecidos e abandonados
pelos poderosos.