1)
A
Busca da Verdade
Não é
a conquista do espaço. Nem das profundezas dos oceanos; não são as descobertas
da física subatômica, nem das estruturas mais profundas do psiquismo humano;
não é a busca de superação dos limites do homem, nem a descoberta de mais
perfeitos meios de comunicação que tornem o mundo ainda mais próximo e
familiar; a grande aventura do homem é a busca da Verdade.
A verdade não é a coerência interna de uma
afirmação, nem a concordância entre o conceito e a realidade, nestes casos
estamos falando de certeza, de correção e não de Verdade.
Uma afirmação é certa ou correta quando não
contêm erros: é verdadeira quando exclui a mentira. A Verdade está na palavra
de um testemunho, a Verdade está na coerência de uma vida.
A Verdade é transparente e consistente. A
Verdade não admite dúvidas, quando pronunciada, é definitiva e com firmeza.
A mentira é traiçoeira e perigosa, sua
característica principal é a má fé. Tanto a Verdade como a mentira são livres e
conscientes, seus objetivos são opostos. A Verdade visa o desvelamento do
acontecido; a mentira, o seu disfarce para ocultar e deformar a Verdade,
conforme interesses escusos.
Como cada homem possui sua própria
personalidade, personalidade esta construída durante sua própria vida, o homem,
podemos dizer; possui sua própria Verdade. Assim muitas vezes, quando em
presença de um acontecimento, as interpretações são conflitantes, um julga o
outro estar mentindo, mas nem sempre é o que acontece, são apenas diferenças de
perspectiva no ver e no interpretar.
Na busca da Verdade almeja-se a Verdade
Absoluta, inconteste e definitiva; mas o que encontramos é sempre uma Verdade
relativa e parcial, vejamos:
1)
Se nosso objetivo
é conhecer determinado ente, mesmo supondo observações acuradas e experiências
sofisticadas, nunca conseguimos compreende-lo em sua totalidade, muitos
aspectos permanecem desconhecidos.
2)
Se o que buscamos
é a compreensão de uma idéia ou de um conceito, também neste caso, não somos
capazes de esgotar todas as suas nuances e relacionamentos. Nosso conhecimento
permanece parcial e relativo.
3)
Quando na
presença de um acontecimento, os relatos de vários testemunhos apresentam
divergências devido a perspectiva da observação e as características pessoais
de cada um dos observadores.
4)
Mas, se
pretendemos encontrar a Verdade Absoluta na vivência de determinada pessoa, por
mais coerente que esta seja em relação aos seus objetivos e ao seu projeto de
vida, sempre existem momentos em que seu agir é incompreensível e contrario aos
seus propósitos.
De qualquer maneira mesmo que a Verdade
Absoluta esteja fora de nosso alcance vale a pena continuar a procurá-la. Quem
sabe...
Deixemos que a Verdade ilumine o nosso
Caminho na busca do Absoluto.
2)
Questionando
a Teoria da Relatividade
Carlos Antonio Fragoso Guimarães em seu
livro Percepção e Consciência nos diz entre outras coisas que “Albert Einstein,
em 1905, ao publicar sua Teoria Especial da Relatividade - mais tarde ampliada
na Teoria Geral da Relatividade -, promoveu uma ruptura conceitual
revolucionária entre a nova realidade de um novo universo curvo e inserido num
continuum espaço-temporal e os conceitos mais básicos da física newtoniana,
como, por exemplo, o do espaço euclidiano rígido, independente de um tempo
universalmente linear, e de uma matéria inerte constituída de minúsculas
bolinhas indestrutíveis, os átomos.” “Hoje sabemos que a medida do tempo varia
conforme a velocidade com que se deslocam diferentes observadores, em
diferentes referenciais, que o espaço é curvado pela presença da matéria, que
matéria e energia são equivalentes, etc.”.
Sem negar a tremenda importância das
Teorias da Relatividade para o progresso da ciência e de nosso conhecimento do
Universo, gostaria de fazer duas observações:
1)
Porque sendo tudo
relativo, inclusive o espaço, o tempo e a matéria, por que absolutizar a
velocidade da luz. Parece-me postular gratuitamente, sem nenhum fundamento,
quer lógico, quer experimental que a velocidade da luz é absoluta e não pode
ser ultrapassada. Este ponto merece ser mais bem explicado para que possamos
entendê-lo.
2)
Outro ponto da Teoria da Relatividade que me
causa certa estranheza é no que se refere a curvatura do espaço, quando próximo
de grande quantidade de matéria.
Admiti-lo, não seria admitir certa materialidade ao
espaço? Não seria ressuscitar a já ultrapassada hipótese da existência do Éter?
Ou assumir a definição de espaço (AKASA),
onipresente e constituído de infinitos pontos espaciais, como no Jainismo.
As teorias
se sucedem umas após outras, assim a Teoria da Relatividade também será
substituída, mas, o que é certo é que espaço e tempo sempre permanecerão
enigmáticos.
3)
Questionando
o Princípio de Identidade
Lobatschewski e Riemann ofereceram alternativas
ao teorema das paralelas de Euclides, assim criaram geometrias paralelas a de
Euclides, que não invalidam esta, mas que contribuem para o progresso
científico.
No pensamento filosófico, o princípio de
identidade permanece absoluto e inquestionável, mas, gostaríamos de sugerir uma
alternativa, um princípio que fosse expresso assim:
“O
ser não é; o ente é e não é”
Justifiquemos primeiro a afirmação de que o ente é e
não é:
a)
no nível
puramente material, por exemplo, uma pedra é uma pedra e não é água, não é ar,
não é fogo, etc. O ente sendo um determinado ente não é uma infinidade de
outros entes.
b) no nível espiritual ou das idéias e conceitos, a
idéia de unidade exclui a de multiplicidade; a de beleza, exclui aquela de
feiúra e assim por diante.
c) no confluir do espiritual e do material, embora o
corpo e a alma se relacionem de tal forma no interior do ser humano que formam
uma unidade indissolúvel, o corpo é o corpo, mas não é a alma; a alma é a alma,
mas não é o corpo.
d) no nível dos sentimentos, a justiça supõe a
honestidade, mas nem a justiça é a honestidade, nem esta é a justiça.
Agora verificaremos se o Ser é ou não é.
a)
admitindo-se a
existência absoluta do Ser, na qual o não-ser não pode se encontrar, o Ser
absoluto é perfeito, imutável, eterno, etc., como justificar a existência dos
entes?
b)
os entes
participam no ser, mas o que significa este participar? Não levaria a confusão
entre o Ser e os entes? Não indicaria o caminho para o panteísmo?
c)
O ente revela o
Ser, como o ente que é contingente, imperfeito, limitado, etc. poderia revelar
o Ser necessário, perfeito, ilimitado?
Baseando-se
nestes questionamentos, podemos concluir que o Ser necessário e perfeito,
construído pelos homens não existe, não é.
Prossigamos com nossa busca.
4) A Procura da
Transcendência - O Absoluto.
A
imensidade do Universo e a incalculável quantidade de entes nele contidos
causam-nos admiração e pavor. Qual a razão da existência do Universo, qual sua
origem, qual seu destino?
Na mitologia encontramos muitas tentativas
para responder estas perguntas. Simplificando e generalizando verificamos na
maioria dos mitos a existência de um criador ou ordenador (deus ou herói) que a
partir do Caos primordial cria ou organiza o universo em que existimos. Qual a
origem do criador? Qual a origem do Caos? Não é formulada nenhuma hipótese.
As tradições religiosas (inclusive nas
religiões monoteístas) apresentam relatos sobre a criação do Universo
semelhante aqueles dos mitos. Como exemplo o relato bíblico do Gênesis.
A
ciência através dos séculos formulou várias teorias acerca do início do
universo, sendo uma das mais recentes a hipótese do “Big Bang”.
Em todos estes casos o princípio de tudo
permanece envolto em denso mistério. A realidade do universo e dos entes nele
contidos é afirmada como um dado indiscutível, após o que uns afirmam que a
mesma permanece como tal sem que haja grandes mudanças; outros, admitindo a
evolução, afirmam que tudo se encontra em continuas mudanças apresentando uma
realidade dinâmica e não estática.
Perante esta realidade em que os entes
coexistem lado a lado, relacionando-se uns com os outros e todos com a
totalidade, tudo se mostra em sua relatividade e contingência. Não há lugar
para o Absoluto.
Com esta situação o homem não se satisfaz e
quer encontrar um Absoluto que justifique e torne significativa toda a
existência. Assim, uns (como por exemplo, na filosofia grega e na escolástica)
postulam a existência de um Ser, ao mesmo tempo imanente e transcendente que
teria sido o criador e manteria na existência todos os demais seres, mas, este
Ser por mais que possua características diferentes dos demais entes, permanece
sendo relativo por relacionar-se com os mesmos.
Para fundamentar sua posição afirmam o
princípio de não-contradição que afirma... “O ser é, o não ser não é”. Mas esta
posição não é unânime. Já na antiguidade grega Górgias a questionou afirmando:
- O ser não existe.
- Mesmo que alguma coisa exista,
não se pode conhecê-la.
- Ainda que se a conhecesse, o
conhecimento seria incomunicável.
A conclusão é, pois a
impossibilidade do conhecimento verdadeiro, porque tudo o que apresenta é
impossível. Assim Górgias tenta pulverizar tudo o que se afirma sobre o ser e o
não-ser.
Na idade Média, nominalistas e
conceitualistas embora afirmando a existência real dos entes individuais, nega
a existência real dos Universais, que seriam apenas conceitos ou mesmo puros
nomes.
Outros, nesta busca pelo Ser, encontram o
Nada, o Vazio e postulam sua existência como uma realidade (?) impessoal e
indeterminado (Brahma nir-guna) ou paradoxal e indefinível como no tauismo. “Todos conhecem o Tau e, contudo ninguém o
conhece”.
Na filosofia ocidental Nietzsche proclamou
a morte de Deus, Sartre exaltou o Nada e Camus declarou ser o mundo absurdo.
Com relação às idéias que transcendem nossa experiência cotidiana, como a de
Deus, por exemplo, Wittgenstein nos
aconselha a permanecermos em silêncio.
Na impossibilidade de encontrarmos o ser
absoluto entre os seres relativos no meio dos quais existimos e, na
impossibilidade de alcançarmos a transcendência nos encontramos em meio a
dúvida e perante o mistério do Ser Absoluto. Identificá-lo com Deus não nos
parece válido, então só nos resta reafirmar
“O Ser não É, o ente é e não é.”