Criação e Encarnação

   O homem contemplando a realidade do Universo, no qual se encontra, formula várias perguntas: O porque da existência do Universo? Quando e como começou? Qual a sua finalidade? Muitas foram as tentativas em responder estas perguntas.
   Considerando diversas hipóteses científicas, entre elas as teorias do “big bang” e as diversas teorias evolucionistas; considerando o que nos diz as escrituras sagradas (de modo especial a Bíblia) e, também a palavra de muitos pensadores, (sobretudo Telhard de Chardin que nos fala de “noogênesis” e “Cristogênesis”), gostaríamos de fazer a seguinte reflexão.    
   No início Deus cria a matéria cósmica dotada de infinita potencialidade evolutiva; com o passar dos milênios vão surgindo os astros, os minerais, os organismos vivos (vegetais e animais) e, finalmente o homem, que continua a evoluir social e historicamente tornando real a “noosfera” (na terminologia theardiana).
    A “noosfera” encontra sua realização e sua razão de ser em Cristo, o Deus encarnado, o filho de Deus que se faz presente entre os homens e dá sentido a existência de todo o Universo. Cristo Deus e Homem realiza, pela Encarnação, a união entre o espaçotemporal e o Eterno.
   Partindo das considerações acima, podemos dizer que a Encarnação é o ápice e a plena realização da Criação, sendo o pecado apenas um acidente de percurso. O pecado do homem não causou a Encarnação de Cristo, mas uma vida de total indigência e abandono, porém Deus num ato de infinito amor oferece seu filho em sacrifício para reatar sua reação com os homens, seus filhos adotivos e, Cristo obediente ao Pai e por amor aos homens aceitou a Paixão e a Morte Redentora.
    Como sinal permanente de seu amor e de seu sacrifício, Cristo institui o sacramento da Eucaristia, que torna visível a união mística dos homens entre si e com o próprio Cristo. O Universo poderia ter sido criado, sem que o homem o fosse, mas sendo Cristo a coroação da criação, a não criação dos homens torna-se impensável.